segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ãnh?

deus é só um quadro na parede?
os muros nus de minha casa não sentem sua falta.
O branco que cobre o cimento, o silêncio que impera em minha solidão
e em cada cômodo me dão quase a certeza de que estamos eternamente sozinhos.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O vento rompe o silêncio

O vento rompe o silêncio.

Assovia entre as frias construções

uma melodia soturna,

que põe em marcha a tristeza nos corações.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre o samba

O samba é a mistura das cores,

das cordas com os tambores.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Oferta

Se minha dor te dá prazer,
é só dizer: eu corto de bom grado
um pedaço do meu coração.
Só não diga que não liga.
Eu sofreria numa boa, se souber que não é à toa,
que não é em vão.
Então, quando eu ficar meio down,
Olhe pra onde eu estiver e sorria.
Assim, eu saberei que ao menos meu tormento
te faz feliz.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pra rimar com saudade

Rimas óbvias para a saudade
não resolvem o meu problema:
saudade tem que rimar é com encontro!!!!!

Ainda sem título

Descobrir o óbvio por baixo da terra
Por trás das janelas, portas e cortinas.
Apontar o dedo para a lua e ver o quanto ela é linda.
Trancar o grito de dor, amor ou protesto -
Não na boca, nem no peito.
Pregá-lo à folha, pela ponta da caneta.
Estendê-lo enquanto a página puder lhe dar sustento,
Até onde conseguir levá-lo a voz, a palavra e o pensamento.
20/10/09

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dissecando o Bom Canalha - III


O Bom Canalha é a mistura do lobo da estepe com o dragão de komodo.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Até quando?

Às vezes, quando eu fico em silêncio
ouço o meu coração batendo
todo o meu corpo pulsando
e me pergunto: até quando?

No peito, eu ouço um tambor
Nas veias, eu sinto um galope
que seria capaz de rasgar minha carne
É a vida que me impele, sempre em frente,
até a morte.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sinal dos tempos

Era moderna
mais técnica, menos alma
mais pressa, menos calma

domingo, 5 de julho de 2009

Devaneios de domingo

Às vezes eu acho que o amor não existe
e eu sou só mais um cara triste
que precisa de uns remédios pra tomar
e conseguir tocar a vida
ir lambendo as feridas,
fazendo-as sarar.
Ignorar os próprios pensamentos e
renegar sentimentos,
matá-los na fonte,
deixá-los secar.
Como faço com as garrafas, que seco com destreza,
destruindo toda a beleza que nem chegou a brotar.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sarney: cara dura é pouco


Como se o copo da nossa paciência ainda não tivesse transbordado, o senador José Sarney tenta explicar o que não tem explicação. Tudo bem: o nobre parlamentar não é o inventor da corrupção. Mas, com toda a certeza, é um dos mais cotados a ser escolhido como seu maior símbolo no Brasil dos últimos tempos. Sarney é da cada vez mais comum estirpe que não faz distinção entre o público e o privado. Aos 79 anos de idade e mais de cinco décadas de vida política, o ex-presidente é a personificação do que pode haver de pior em um agente público. Ao longo dos anos, tem usado o status e o poder que os diversos cargos que ocupou lhe conferiram para ampliar cada vez mais o império político de sua família – um negócio que tem explorado muito bem. Tá certo que ele não é o único: Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho e Michel Temer, para não alongar muito a lista, também são pródigos em histórias mal contadas ou além da imaginação. Entretanto – e ainda bem, nenhum deles ocupou a presidência da República. Mas o que mais podemos esperar, quando até o Lula dá atestado de bons antecedentes ao Sarney?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Lupicínio 2000

Vou me embrutecer
Vou me imolar
Triturar corações
e comê-los no jantar
As tuas lágrimas,
colherei todas
em meu cálice de esmeraldas
O teu choro vai matar a minha sede
Eu vou sempre esperar
tu quebrares a cara
Quando isso acontecer
eu estarei lá, para rir do teu sofrer
19/06/09

O fim do silêncio

É verdade, eu andei sumido. Optei por ficar um tempo longe do computador. Por obrigação profissional, já passo boa parte das 44 horas semanais da minha jornada de trabalho espancando o teclado de um PC. Na real, pra um cara como eu entrar nessas de virar blogueiro, primeiro tem que se disciplinar pra não desandar o resto da vida. Eu entrava em casa, comia alguma coisa e ligava o computador. A louça ia se acumulando na pia e assim ficava - eu não dou muita pelota mesmo pra esse papo de faxina. Meu apê continua bastante próximo de um aterro sanitário, mas consegui me organizar o suficiente para chamar uma heróica diarista.
Eu andava lendo menos também. Por mais que eu esteja fora de Pelotas há quase oito anos, eu ainda carrego comigo aquela impressão de ser um exilado. Daí ligo a máquina e fico de bobeira uma boa parte da noite no msn, batendo papo com os amigos que também estão longe. As revistas e livros estavam empilhados e abandonados à sorte na cabeceira da minha cama.
Meu violão praticamente não me reconhecia e havia um monte de novas músicas que eu andava louco pra aprender. Por fim, e principalmente, andava sem tesão pra escrever. Assim, essa parada surgiu naturalmente.
Agora estou tentando "botar ordem no pagode". Vamos ver no que vai dar.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Pus a corda no pescoço

Pus a corda no pescoço
E pulei do cadafalso
Perdido por teus beijos
Louco pelos teus abraços
Quando ela esticou
Meus pés não tocaram o chão
Não te alcancei
Pensando que era amor, feito tolo,
Me suicidei

O vento balançava meu corpo suspenso
Tu estavas ali perto, admirando o espetáculo
Por mais que me recriminem, não quis partir morto ingrato
No último suspiro, busquei forças e cuspi meu coração aos teus pés
Finalmente, te vi sorrir, enquanto a névoa envolvia meus olhos

Lajeado – 16/01/07, 00h50min

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Lembrança de um dia cinzento

Era uma tarde nublada e eu caminhava pela rua Gonçalves Chaves. Pouco depois de cruzar a Dr. Amarante, embaixo de uma marquise, notei um grupo de crianças – não consegui contar quantas eram e nem perceber se havia meninas entre elas. Fazia frio e elas dormiam amontoadas, envoltas em caixas de papelão. Já passava das 14h e elas seguiam ali, sem dar atenção ao barulho dos carros ou perceber que eu as observava. Talvez ainda entorpecidas pelo uso de alguma droga, com certeza com fome e sujas. Talvez sonhassem com uma vida diferente, com família, casa, comida e um pouco de dignidade. Ou estivessem mergulhadas em pesadelos recheados de abusos e violência. Quem sabe apenas descansassem no escuro de si mesmas, o único lugar em que se consegue uma pequena trégua da vida. Fui tirado daquele transe pelas manifestações de piedade de um ruidoso grupo. Alguns metros adiante, um punhado de pessoas reunia-se em volta de uma pequena árvore. Comoviam-se muito e perguntavam umas às outras quem seria capaz de abandonar aquelas pequenas vidas ali. Alguns já se prontificavam a levar um dos filhotes de cachorro abandonados, amarrados à pequena árvore, para casa.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Políticos brasileiros e a máfia italiana: uma visão em comum

Em um trecho do livro Gomorra, o jornalista italiano Roberto Saviano descreve a forma como parte dos mafiosos italianos via suas relações com o Estado.

“Uma das declarações que mais me aturdiram sobre os mafiosos sicilianos foi a de Carmine Schiavone, arrependido do clã dos Casalesi, em uma entrevista dada em 2005. Falava da Cosa Nostra como uma organização escrava dos políticos, incapaz de raciocinar em termos de negócios, como faziam os camorristas casertanos. Para Schiavone, a máfia queria colocar-se como um Contra-Estado, e isso não era um discurso de empresários. Não existe um paradigma Estado-contra-Estado, mas somente um território em que negócios são feitos com, através e sem o Estado:
Nós vivíamos com o Estado. Para nós, o Estado devia existir e devia ser um Estado tal como é. Só que tínhamos uma filosofia diferente da dos sicilianos. Enquanto Riina vinha de um lugar isolado, de uma montanha, enquanto ele era um velho pastor de ovelhas, nós já tínhamos superado essa visão, queríamos conviver com o Estado. Se alguém no Estado se tornava um obstáculo, encontrávamos outro disposto a nos favorecer. Se era um político, não votávamos nele, se era alguém das instituições, encontrava-se um modo de dar-lhe a volta.

Olhando a forma como a maioria dos políticos brasileiros tem agido no cumprimento de seus mandatos e no exercício de cargos públicos, acho que ambos os grupos compartilham o mesmo ponto de vista. Assim como os mafiosos italianos, para os políticos brasileiros o Estado/Poder Público é apenas um meio para a concretização de seus negócios ou um ente que, ao menos, não deve atrapalhar os seus esquemas. Só encontrei uma pequena diferença entre a nossa realidade e a italiana. Lá, os mafiosos se utilizam dos políticos, corrompendo-os ou eliminando-os, para concretizarem seus negócios. Aqui, os nossos políticos já são a própria máfia.

sábado, 4 de abril de 2009

O dia em que o Demo cruzou o caminho do Rock N'Roll – Parte II


“Eu fui até a encruzilhada e me ajoelhei”. Assim começa a letra de “Crossroad Blues”, onde Robert Johnson descrevia um pretenso encontro com o “Tinhoso”. Johnson é uma figura lendária do Blues. Conta-se que o cara era um guitarrista medíocre e que, depois de passar alguns meses inexplicavelmente desaparecido, retornou com uma destreza inacreditável nas seis cordas.
Ao apresentar músicas como a citada e outras - Me and the Devil Blues, Hellhound on my Trail –, todas com referência ao “Coisa Ruim”, Johnson selava a fama – infundada ou verdadeira – de que toda a sua habilidade musical era resultado de um pacto com o Capeta. O bluesman nasceu em 8 de maio de 1911, no Mississippi (EUA), e a partir de 1931 passou a viajar pelo sul do país com seu violão. Gravou somente 29 músicas (The Complete Recordings of Robert Johnson traz 41 faixas porque inclui mais de uma versão de cada música). Robert Johnson faleceu em 1938 e há diversas versões para sua morte: envenenamento por uma dose de uísque com estricnina oferecida por um marido traído ou algo parecido; ingestão de uísque de má qualidade; e baleado pelo pai de uma namorada. Apesar da curta obra, é influência de diversas feras do rock n’roll e do Blues como Elmore James, Muddy Waters, Eric Clapton e Keith Richards, só pra começar.

terça-feira, 31 de março de 2009

Uma história curta

Precisava matar o eu que emergia cada vez que bebia. Sabia muito bem o que fazer: bastava nunca mais abrir uma garrafa ou aproximar-se de qualquer gota de álcool. Uma sentença bastante adequada a um crime tão sórdido. Os dias prosseguiam enquanto arquitetava cada detalhe de seu macabro plano. Porém, o tiro saiu pela culatra. Suspeitando do atentado que era tramado contra sua existência pelo lado sóbrio de sua pessoa, o eu beberrão adiantou-se e contra-atacou, não sem demonstrar requintes de crueldade. Passou a dar o ar da graça diariamente em todos os botecos das redondezas. Mal abria os olhos, saltava sobre a rota sobriedade e impunha a sua vontade. Afogou o inimigo aos poucos, sem uma gota de piedade.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O publicitário deve ser palmeirense...


Um anúncio de página inteira da Batavo, na ZH do último domingo, saudando o patrocínio fechado com o Corinthians me chamou a atenção. Sem levar em consideração a luta do craque Ronaldo Nazário para voltar à boa forma no time do Parque São Jorge, os caras estamparam na peça publicitária a frase "Mais um reforço de peso para o Timão". Descuido do publicitário ou sacanagem pura? Tudo bem, o Fenômeno não vai morrer por isso, mas deve estar cheio de palmeirense, santista e são-paulino rachando o bico por aí depois dessa.

quarta-feira, 18 de março de 2009

E o capitalismo também fracassou...

E o capitalismo também fracassou. Depois da crise econômica mundial deflagrada no ano passado com o estouro da bolha imobiliária norte-americana, o grande propulsor do desenvolvimento entrou em colapso. É com surpresa que vejo expoentes do liberalismo econômico como Alan Greenspan (ex-presidente do Federal Reserve, o Banco Central do Tio Sam, na foto) porem a mão na consciência e assumirem publicamente que algo deu errado e não funcionou como o esperado. Mesmo que o tenham feito depois dessa grande cagada infestar o mundo inteiro.
Toda aquela conversa de auto-regulação do mercado veio por água abaixo, assim como o regime soviético e o muro de Berlim. A quebradeira dos bancos e as demissões em massa acordaram esse pessoal: Putz!!!! A economia não é um ente autônomo (embora seja bem complexo), que se move ao sabor do vento ou por conta própria. Mesmo me julgando ignorante sobre o assunto, isso sempre pareceu claro para mim. Não entendo como esses renomados senhores se deixaram enganar por tanto tempo. E ainda constato que a grande maioria deles não faz a menor idéia do que fazer para tirar o mundo desse atoleiro.
Agora, restou comprovado que, se o engessamento total da estatização não é a melhor proposta, o bacanal econômico que se jactava como promotor da prosperidade mundial também não é. São inegáveis os avanços gerados pelo capitalismo nos últimos 20 e poucos anos. Pena que tudo isso tenha acontecido apoiado em uma base inconsistente, que ruiu há poucos meses. Quantos anos terá o mundo regredido quando essa zona toda acabar? Não sei e nem os grandes economistas sabem.
Só espero que quando as coisas melhorarem – sim, eu acredito que a crise financeira vai passar – todos os senhores do capital que agora estão saneando os seus negócios com recursos dos cofres públicos não esqueçam essa esculhambação toda e cuspam no prato que comeram pregando o Estado mínimo e o livre mercado a qualquer custo.

Alan Greenspan: "Agora fudeu..."

domingo, 8 de março de 2009

Leiam!!! É muito bom...

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios - Marçal Aquino. Que título!!!!!! E a história é melhor ainda, hehehehe!

sexta-feira, 6 de março de 2009

O dia em que o Demo cruzou o caminho do Rock N'Roll


Em 1968, a maior banda de Rock N'Roll do mundo, The Rolling Stones, chegava às paradas com o álbum Beggar's Banquet. O disco trazia o clássico Sympathy for the Devil – compaixão/piedade pelo diabo, em bom português. Na letra, Mick Jagger narrava as andanças do diabo na Terra.
Já vistos como maus elementos por parte da sociedade – que outra banda carregava nas costas o slogan “Você deixaria sua filha se casar com um Rolling Stone?” -, chegados ao consumo de drogas e freqüentadores de orgias inenarráveis, o quinteto inglês dava mais munição a seus detratores.
Sympathy for the Devil também foi a canção que abriu o set list dos Stones no concerto ao ar livre, em 6 de dezembro de 1969, em Altamont Raceway, em San Francisco (EUA). Durante o festival, foram registradas ao menos três mortes, uma delas, a de um jovem negro esfaqueado por um integrante dos Hell's Angels, gangue (ir)responsável pela segurança do evento. A cena está registrada no filme Gimme Shelter.


sábado, 28 de fevereiro de 2009

REVOLTA

Foda-se o Parnaso
Danem-se as tradições.
Vomitem meu sangue nas canaletas imundas dessas ruas.
Pichem os muros, escrevam que o amor não existe,
Que foi tudo um sonho.
Que o que restou foi meu coração despedaçado.
Vocês seguirão caminhando no asfalto, sobre os meus miolos e aquilo que foi meu peito.
Não me entendam, rejeitem-me.
É verdade, eu admito,
Eu não tenho mais jeito.

Santa Cruz do Sul, 7/02/09, 01h55min

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Batismo (para minha filha Yasmin)

Eu quero encontrar uma palavra
que se molde em teu rosto
e expresse teu jeito
Para dizer teu nome e mostrar teu sorriso
Que seja uma palavraque me traga à mente,
em um só instante,
tudo o que significas para mim.
Uma palavra que encerre e liberte,
começo, meio e fim
Fecho os olhos e ouço o som.
É a chuva me dizendo: Yasmin, Yasmin...

Dissecando o Bom Canalha - II

O Bom Canalha não acredita em partidos políticos, religiões, governos nem em salvadores da pátria.

O retorno do Bom Canalha

Dizem que o ano só começa realmente depois do Carnaval. Sendo assim, no apagar das luzes da Festa de Momo, o Bom Canalha desperta de seu sono de 1.000 anos e volta a publicar. Mas sem pressa nem pressão: espero que o silêncio de todos esses dias tenha me trazido um pouco de disciplina pra conseguir manter as postagens com o mínimo de regularidade.
Ele voltou, o Bom Canalha voltou novamente...