Na escola, a gente aprende a admirar todos aqueles heróis e datas nacionais. O dia da abolição da escravatura, por causa da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, é um desses acontecimentos, pontuado com destaque nos livros de história.
Então, o sujeito cresce e começa a se dar conta de que, apesar de ter libertado os escravos, a iniciativa não conseguiu inserir os negros na sociedade produtiva. Percebe também que o preconceito no Brasil não é pouco, fica com raiva e chega à conclusão que talvez a tal Lei Áurea não tenha sido tão boa assim. Andando pelo mundo, sente que a coisa realmente segue complicada: leva “atraque” da polícia de graça, é seguido por seguranças dentro do supermercado... Enfim, a liberdade é vigiada.
Ainda impactado com a porrada dessa descoberta, caminha mais um pouco e ouve falar de Palmares e Zumbi. Pensa em virar quilombola, em incendiar canaviais e enfrentar os capitães do mato modernos. A luta é dura e é todo dia. Então, durante a trégua, numa mesa de bar, escuta um amigo dizer que Zumbi e o 20 de novembro são importantes sim, mas que o 13 de maio é uma data a ser valorizada porque nela ocorreu o fim da escravidão, uma luta que vinha sendo travada por diversos grupos de negros, brancos e mestiços, durante o século XIX. Uma nova pancada na moleira, daquelas que faz desmaiar. Quando recobra os sentidos, tem que dar o braço a torcer: a Princesa Isabel e a Lei Áurea também são importantes.