Como se o copo da nossa paciência ainda não tivesse transbordado, o senador José Sarney tenta explicar o que não tem explicação. Tudo bem: o nobre parlamentar não é o inventor da corrupção. Mas, com toda a certeza, é um dos mais cotados a ser escolhido como seu maior símbolo no Brasil dos últimos tempos. Sarney é da cada vez mais comum estirpe que não faz distinção entre o público e o privado. Aos 79 anos de idade e mais de cinco décadas de vida política, o ex-presidente é a personificação do que pode haver de pior em um agente público. Ao longo dos anos, tem usado o status e o poder que os diversos cargos que ocupou lhe conferiram para ampliar cada vez mais o império político de sua família – um negócio que tem explorado muito bem. Tá certo que ele não é o único: Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho e Michel Temer, para não alongar muito a lista, também são pródigos em histórias mal contadas ou além da imaginação. Entretanto – e ainda bem, nenhum deles ocupou a presidência da República. Mas o que mais podemos esperar, quando até o Lula dá atestado de bons antecedentes ao Sarney?