segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Perdoem-me as Vânias

Finais de noite mal sucedidos sempre acabam em puteiros. Raramente se escapa desse lugar comum. O amor efêmero não se apresenta e a gente acaba buscando consolo para aplacar o sentimento não correspondido. Não se trata de nenhuma transgressão. É apenas utilizar-se de meios flexíveis para dar vazão a um impulso nobre que não foi correspondido – na verdade, um sentimento assassinado ainda no peito, sem nem ter culpa de ter nascido. Dele poderiam ter surgido linhagens de proeminentes diplomatas, advogados e administradores. Parlamentares até, quem sabe. Mas não. Quis o destino que fossem estranguladas em um preservativo, dentro de uma prostituta qualquer, que ninguém lembrará o nome. Até porque, se lembrar, de nada vale. A ordinária deve, como todas as outras, ter adotado um nome de guerra. Assim como Átila, o Huno, ou Alexandre, o Grande. Ela deve ter um nome sonoro como Vânia, a devoradora de homens. Seu sexo sufocará amores, aplacará, por instantes, dores que jamais cessarão. Ela será um antídoto amargo para todo coração vazio. E, como toda droga que se preze, vai viciar. Vai preencher aumentando o vazio. Tornará a busca mais angustiante e infindável. E o amor terá escapado mais uma vez, para se esconder em uma esquina suspeita e escura. Para seguir sem ser encontrado.