segunda-feira, 31 de maio de 2010

Para que tudo isso?

Às vezes – ultimamente, quase sempre – fico me perguntando qual o sentido das coisas que faço. Respirar e comer, por exemplo, acho que podem ser satisfatoriamente explicados pela biologia ou algo que o valha. Mas não é a essas coisas que me re-firo. O que incomoda é não encontrar resposta igualmente lógica e racional para os sentimentos, desejos e atitudes – e isso me assusta. O que na verdade me move? Não sei e ninguém me responde.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

13 de maio

Na escola, a gente aprende a admirar todos aqueles heróis e datas nacionais. O dia da abolição da escravatura, por causa da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, é um desses acontecimentos, pontuado com destaque nos livros de história.

Então, o sujeito cresce e começa a se dar conta de que, apesar de ter libertado os escravos, a iniciativa não conseguiu inserir os negros na sociedade produtiva. Percebe também que o preconceito no Brasil não é pouco, fica com raiva e chega à conclusão que talvez a tal Lei Áurea não tenha sido tão boa assim. Andando pelo mundo, sente que a coisa realmente segue complicada: leva “atraque” da polícia de graça, é seguido por seguranças dentro do supermercado... Enfim, a liberdade é vigiada.

Ainda impactado com a porrada dessa descoberta, caminha mais um pouco e ouve falar de Palmares e Zumbi. Pensa em virar quilombola, em incendiar canaviais e enfrentar os capitães do mato modernos. A luta é dura e é todo dia. Então, durante a trégua, numa mesa de bar, escuta um amigo dizer que Zumbi e o 20 de novembro são importantes sim, mas que o 13 de maio é uma data a ser valorizada porque nela ocorreu o fim da escravidão, uma luta que vinha sendo travada por diversos grupos de negros, brancos e mestiços, durante o século XIX. Uma nova pancada na moleira, daquelas que faz desmaiar. Quando recobra os sentidos, tem que dar o braço a torcer: a Princesa Isabel e a Lei Áurea também são importantes.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Lembrando Bob Marley


Ainda lembro a primeira vez que ouvi Bob Marley. Devia ter tipo uns 16 ou 17 anos. Que sensação maluca aquele som me provocou. Eu andava numa época de ouvir muito rock – achava que era o único som capaz de expressar toda a rebeldia que eu sentia. O álbum era Kaya, que trazia o hit “Is this Love”. Um sucesso cercado por outras nove canções matadoras, um álbum perfeito para quem estava sendo apresentado ao maior ícone do reggae.

O que mais me impressionou foi o climão que o disco – sim, isso foi no tempo dos velhos elepês de vinil – todo emanava: um som místico, sem ser chato, e ao mesmo tempo alto astral. Uma música que permitia dançar e pensar ao mesmo tempo. E as baladas, perfeitas. Também foi legal ver um negro de guitarra em punho, de novo, como Hendrix e os velhos bluesman como B.B. King. Pirei mesmo e comecei a catar tudo sobre Marley – descobri o lado mais político, panfletário e engajado, muito forte no álbum Survival, mas que nunca perdia o balanço, a melodia e a poesia. Um som que abriu minha cabeça e que me acompanha até hoje. Nesse 11 de maio, quando se completam 29 anos da morte dessa grande figura da música que falou de paz, de amor, de respeito às pessoas, presto aqui o meu tributo.