terça-feira, 24 de abril de 2012

Rumo à Capital


Ela entrou no ônibus. Usava um vestido preto, os braços e as costas a mostra, assim como boa porção das pernas. Ah, as pernas. Com os pelos descoloridos, prenderam os olhos dele de maneira irremediável. Da poltrona, ele observava a majestade daquele corpo, a imponência daquela presença na fileira de bancos ao lado. E imaginava.
As mãos cruzadas sobre o colo, com as unhas cor de rosa. Vez que outra, puxava o vestido tentando esconder as coxas morenas. Implorava em silêncio, com os olhos, para que ela não cobrisse o refúgio onde a sua imaginação repousava naquele instante. Então, ela sentiu frio. Não fossem os pelinhos das pernas arrepiarem, ele nem teria percebido que o ar condicionado do ônibus havia sido ligado.

20/04/12